Faz tempo que não escrevo. Fiquei muito tempo sem computador, muito tempo sem tempo e muito tempo precisando de tempo. Hoje, com o computador recém chegado e com saudades de escrever, aproveitei essa vista (abaixo) para contar como anda essa período entre deixar a vida de São Paulo e começar a vida nos Açores, também conhecido como férias bem merecidas.
Depois de ter que fazer e refazer as malas várias vezes para a calibragem adequada dos pesos, tendo que me desapegar de mais alguns objetos no último minuto que deixei sob a guarda da minha mãe, foi a hora de dizer tchau às pessoas que eu mais amo no mundo. Nada fácil. Como odeio despedidas, dos amigos fugi descaradamente com a promessa de um reencontro em breve, afinal, como diria Vinícius "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida".
Para conseguir chegar ao aeroporto soterrada por malas, contratei um motorista com uma pick up e minha mãe, por sorte, veio comigo. Sorte porque nós duas ficamos dando uma de machona-independente-tô-acostumada-com-isso tipo não precisa ir é acho que não vou mas, na hora H, bateu aquele aperto e a vontade de ficar mais alguns minutos (ou horas) juntas e acho não teria conseguido embarcar sem ela.
É que a Latam enlouqueceu!
Aliás, todo o sistema aeroviário, mas a Latam consegue ser ainda pior. Se os mortos conseguirem mesmo observar os vivos, o Comandante Rolim, fundador da Tam, deve estar passando um mal bocado na sua vida pós morte de tanta raiva e frustração. O que aconteceu com a companhia aérea que se destacava principalmente pelo atendimento diferenciado aos clientes? Erros e erros sucessivos causados, ou pelo menos não resolvidos, por total incompetência, falta de aptidão ou de conhecimento dos seus funcionários. Acho que ouvi pelo menos umas 3 pessoas gritando que entraria em contato com o seu advogado para resolver um problema gerado pela Latam. Afe. Foi um transtorno tão grande que acabei por me despedir da minha mãe sem derramar uma lágrima dos olhos. Até ela partir, porque depois foi um chororô danado pelos corredores lotados do aeroporto. Mas lá embarquei e sobrevivi ao voo com cadeiras mínimas (sim, elas diminuíram) abicando de qualquer cerimónia com o rapaz que viajava ao meu lado para conseguir me acomodar para dormir, fingindo que uma argamassa em forma de nhoque, sem as habituais saladinhas e pão com manteiga para acompanhar, podia ser categorizado como comida
e rezando para chegar logo e me mudar para o voo de conexão em Madri, da Ibéria, onde esperava ter um serviço melhor. O que aconteceu, apesar de quase perder o voo e ter que fazer uma maratona com malas nas costas no imenso e complicado aeroporto de Madri por, mais uma vez, culpa da confusão da Latam.
Cheguei. Recebida por uma Lisboa ensolarada e iluminada, por amigos queridos, por sabores inesquecíveis. Tem sido umas férias lentas, deliciosas e com muito sol, apesar do tempo pouco quente.
Estive em Ourém com minha sogra, cunhados e sobrinhos. Depois em Lisboa entre amigos do coração (faltam muitos para ver) e, principalmente, matando as saudades dessas duas crianças lindas, a Clara e a Inês, entre passeios divertidos, tardes pintando, jogando e desenhando e manhãs de desenhos animados no sofá. Aproveitei para conhecer o novo museu, o Maat, com o Ti. Bem bacana. Lembrei como é bom andar de trem (ou comboio). Fui à praia e lembrei do quão gelada é a água por aqui, do quanto mais civilizada é a praia e de como o sol se põe tarde no Verão. E comi amêijoas!!!!!!!!!
Agora estamos os dois, eu e Ti, em Sines, onde vivemos por quase 4 anos. Mais uma vez, matando as saudades dos amigos, deixando o tempo passar bem lento, aproveitando a praia e curtindo o FMM, Festival de Músicas do Mundo de Sines.
Entre cada mudança de cidade... as malas. Estou farta delas e não vejo a hora de me estabelecer num canto para não ter mais que arruma-las e desarruma-las. Mas, cada coisa a seu tempo. 10 de agosto está logo ali.