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Eu hoje comentei com meu chefe que pretendo ir embora. Não esperava contar já, mas foi sem querer. Estávamos conversando sobre o país, sobre a crise, sobre São Paulo e acabei por comentar "não vejo a a hora de ir embora". Ele me olhou com aquele olhar sábio, meigo e inquisidor, tudo ao mesmo tempo, aquele olhar que só ele sabe fazer "ir embora? quando?".
O que responder? Não sei mentir, principalmente para ele. Disse que pensávamos em sair de São Paulo mais rapidamente do que eu mesmo esperava, que provavelmente seria no ano seguinte, 2018, mas ainda não sabia data. Dei a garantia de que assim que comprasse a passagem, ele seria o primeiro saber e que, se ele quisesse, trabalharia até o limite possível de tempo antes de partir.
Ele continuou me olhando com aquela serenidade de quem já teve 4 dos seus 5 filhos morando fora do Brasil ao mesmo tempo e em países diferentes e disse: "espero que não seja no começo do ano. Mas, você está certa, faz bem ir".
Desde então, sinto-me estranha. Mais livre, porém mais dividida. Adoro meu trabalho em São Paulo, mas também sei que o que me faz gostar desse emprego são diversos fatores extremamente voláteis e que emprego não deveria ser motivo para prender ninguém a lugar nenhum. Foi boa a conversa, foi bom ter escapado essa informação para ele, foi boa a sua reação.
Meu próximo desafio? Contar para meu pai que vou embora, de novo.